
Era uma segunda feira, 14 de Outubro de 2002. Pela manhã fui varrer a calçada como de costume, não tinha ido trabalhar ainda. O dia estava lindo, o sol brilhava radiante, fazia muito calor logo cedo. Conversando com minha vizinha olhei pra cima, avistei o carro do meu cunhado Assis descendo, sentí um calafrio, pois não era comum ele aparecer em casa, inda mais naquele horário, 08:30hs. Encostou o carro e já fui logo brincando com ele:
-Oi tio Assis! Perdeu-se no meio do caminho, e pegou o endereço do meu Lar Doce Lar..rsrs.
Ele olhou-me bem sério e disse:
-Cunhada, ligaram lá em casa e tua mãe não está bem, é para você ir pra lá...
Putz! Gelei, meu coração disparou naquele momento. Entrei pra dentro e me troquei enquanto ele me esperava lá fora.
-O que será que houve com ela, meu Deus?
Fui até a escola das crianças para pegá-los mais cedo, sentia que algo me esperava e não voltaria a tempo. Cheguei na escola, expliquei que tinha um compromisso e teria que levá-los comigo, liberado os dois, os deixei na Vó Maria e apressada fui para o prédio, onde minha mãe morava.
Chegando lá, a encontrei deitada ainda, meio desanimada, dizia estar cansada, com muito sono.
-Mãe, ficarei aqui o tempo que for possível com a senhora. O que sente?
-Sono, ãnsia, estou cansada, minha boca está seca, sem saliva. Enfim, não sei filha.
Tentei que ela se levantasse, mas era impossível, ela parecia não ter forças.
Comecei a limpar a casa até que a patroa dela se levantasse e viesse falar algo.
Ela apareceu rápido, me explicou que desde sábado, dia 12 minha mãe não estava bem, que tinham ido ao Pronto-Socorro e lá ela teria tomado soro.
Pensavámos que era apenas um simples mal estar, já que minha mãe comia de tudo, mesmo sem os dentes. Ela era linda. Sempre sorrindo, sempre bem simples. Sempre muito querida.
Pediu que eu ajudasse minha mãe a tomar um banho, assim se sentia melhor, por causa do tempo abafado, e logo saiu.
Tentei uma, duas e nada. Ela não queria nem sair da cama dela. Não queria comer, só queria guarána, toda hora. Fiquei por lá, cuidando da casa, olhando-a de vez em quando, observando-a.
Só ficava deitada e tomando refrigerante...
Pediu que colocasse uma Coca-Cola pra gelar, pois queria aquele refri. Observei que ela não levantou nem para ir ao banheiro. Tomou banho, me pediu que a ajudasse a se enxugar e trocar a camisola. E assim foi durante a tarde toda. Hora trabalhava; hora ficava minutos com ela.
Até que Lu ligou e quiz saber se eu não voltaria pra cuidar dos meus filhos. 18:00hs.
Fui até o quarto e avisei que teria que ir pra casa, que o Lu estava me esperando.
-Você não pode durmir aqui né? Ela me perguntou.
-Não, mas amanhã cedinho eu volto, prometo, e por favor qualquer coisa me ligue.
Dei um beijo na testa dela, sentí um calafrio nessa hora, comecei a chorar e saí, descí no elevador com o coração apertado. Com o pensamento fixo, ela não está urinando...
Já em casa, com meus filhos e o Lu, estava desligada, pensava na minha mãe.
Deitei pra tentar durmir, era incapaz...
Amanhece dia, amanhece...
Fato Real sobre a morte da minha MÃE.
Ocorrido no dia 14-10-02
Estela
14-10-09
Mãe, quanta saudade deixou...
Os domingos já não mais os mesmos, ainda espero o telefone tocar pra te ouvir.
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