Diário de uma alma Apaixonada (15-10-09) Minha Mãe

Passava das 13:30hs, uma equipe de médicos a esperavam, até o pessoal do laboratório estava lá. Ela foi colocada em uma maca, e levada ao quarto. Lá dentro, ela olhava o teto pensativa.
Tinha sede, queria água, uma vez que não tinha dado tempo de tomar a Coca-Cola no prédio.
Disse a ela que ficasse bem, que eu ficaria ao seu lado, que não se preucupasse, e além disso, a festa da Lek@ estava próxima e Lek@ mandara recado que a esperaria para cortar o bolo.
Ela olhou pra mim e disse:
-Filha, como vamos pagar isso?
-Não sei mãe, depois vejo isso. Têm que se cuidar.
O enfermeiro do laboratório se aproximou dizendo que teria que levá-la para os exames, e foi pegando e empurrando a maca.
Dei um beijo nela, disse que a amava e ficaria por alí esperando-a.
Estava pra explodir nas lágrimas que já não tinham forças para se bloquearem dentro de mim.
Era horrível aquele sentimento.
Ela então, olhou-me, pegou minha mãe, beijou meu rosto e disse.
-Diga a Lek@ que eu volto, pra me esperar, que vamos camer o bolo juntas. Minha sumiu no corredor. Fiu falar com Dr. Labadessa, o diretor dos médicos. Ele falou que eu ficasse tranquila, que era complicado o caso dela, mas fariam o possível.
Entendí que a morte estava próxima da minha mãe, e saí. Fiu para o prédio pegar o carro e voltar pra casa, pois ainda naquela noite, meus flhos subiriam no altar (eram acólitos) e eu tinha leitura.
Cheguei em casa com meus filhos, o Lu já estava bebâdo. falando besteiras, como sempre...
Fiz janta, dei banho nas crianças e fui pra igreja.
Ao sair, Lu me chamou e disse:
-Não adianta rezar Estela. tua mãe vai morrer mesmo, ela está podre.
Comecei a chorar e saí dizendo;
-Deus te cuide, assim que terminar a reunião venho Lu. Tchau!
Cheguei na missa Padre Flávio veio falar comigo. Coloquei o nome da minha mãe nas intensões, fiz a leitura e fiquei a espera da reunião, junto de meus filhos, com o pensamento na Casa de Saúde.
Eram 21:00hs, quando meu cunhado Assis entrou na igreja me chamando que precisavam que eu assinasse um papel, pois minha mãe seria operada com urgência e alguém da família teria que autorizar. Avisei o Padre e saí rápido. Fui com meu carro até a Vó Maria e deixei as crianças lá. Não queria ver o Lu, depois do que havia ouvido. Aquilo se repetia vezes e vezes na minha cabeça. Meus olhos marejam no silêncio dos meus lábios. Eu sentia sua partida...
Ti Assis me levou na Casa de Saúde, ficou o tempo todo comigo. Acertei tudo, minha mãe já estava sendo operada. Caco e Marina já estavam lá também. Dr. Labadessa veio falar comigo, me tranquilizar. Eu não tinha reação, com meu terço na mãe, só me restou rezar. Pedir forças pra Mãe do Céu cuidar da minha mãe na Terra.
Assim fiz até que ela saisse da sala de cirurgia que durou horas...

Estela
15-10-09

Mãezinha do céu, eu não sei rezar
Eu peço pra Deus, pra ele te olhar...

Ela quem me ensinou, quando eu era ainda uma menina..
Ensinei meus filhos e meus catequizando nas comunidades...